Depois de ter sido o músico do estilo rap que mais vendeu discos em toda história do hip hop nacional, de ter lotado o estádio dos Coqueiros no seu primeiro grande show, Yannick está de volta com o seu segundo álbum que é por sinal o mais aguardado nesta recta final do ano.
“Escolher o caminho para este novo álbum não foi fácil, uma vez que fiquei muito tempo parado, dei conta que a minha “família” cresceu. Depois de ver a enchente nos Coqueiros, o carinho das pessoas na rua tinha de parar um tempo para poder fazer algo que correspondesse à expectativa, as pessoas estão à espera de muita coisa de mim, fiz o meu máximo para não deixar mal as pessoas que me meteram onde estou hoje”, disse o artista.
Curiosamente, este novo álbum de Yannick será vendido na mesma data do seu primeiro disco que fez sucesso no país inteiro. Cinco anos depois, o artista volta com o mesmo estilo mas, segundo ele, de um modo diferente: “Muita gente pergunta se voltei com o mesmo estilo ou com uma “nova vibe”. Eu tenho dito que sou sempre o mesmo, mas diferente. O mesmo porque continuo com a mesma temática, a minha onda é sempre intervenção social e diferente porque trago uma sonoridade diferente e também a minha forma de abordar as coisas é sempre diferente, por isso digo que virei o mesmo, mas diferente para poder equilibrar as coisas.”
“Proezas não se repetem”
Yannick revelou ainda que não está à espera de superar os feitos do álbum passado porque “proezas não se repetem”, e que o seu objetivo com o CD intitulado “Terra a Terra” é tocar no coração das pessoas.
Sendo um artista de intervenção social, falou sobre o aspecto das vendas de álbuns terem baixado muito nos últimos tempos em Luanda dando como principal motivo o facto das pessoas estarem a perder o hábito de comprar os discos. Para solucionar esse problema solicitou que o publico ajude os músicos angolanos adoptando melhores condutas e que realmente comprem os álbuns e vão assistir aos shows:
“Existe uma grande preocupação da minha parte pois agora todo o mundo tem tendência de levar uma câmara para ir filmar se a praça está ‘podre’ ou não. É uma onda, parece que o nosso público está a perder o hábito de comprar discos”, afirmou.
Na mesma senda explicou que acaba por ser um ciclo vicioso, pois se o publico não compra o musico tem dificuldade em manter a qualidade do seu produto, sendo que todos os artistas lutam para poder proporcionar aos seus fãs a melhor qualidade possível para que os consigam agradar.
“Action Nigga morreu para agradar o público”
“Reparem neste ponto, vamos falar por exemplo do nosso irmão Action Nigga: O povo hoje é muito exigente e nós músicos estamos a procurar a melhor qualidade. Encontrar esta qualidade leva muitos colegas a Moçambique, aconteceu o que aconteceu. Morreu em missão de serviço, tudo isso para agradar o nosso público. Aqui, é difícil para os artistas que estão prestes a vender, pois tudo é difícil porque os investimento são caros, depois chegam na portaria e vendem cinquenta cópias. Fica difícil e mesmo até os empresários que já são poucos acabam por fugir e a partir daí vamos todos vender mixtapes feitas em casa e a música começa a morrer.”
“Temos que ajudar os músicos”
Para resolver essa situação o artista apelou para que se regresse aos tempos em que havia verdadeiramente o espirito de comprar as obras discográficas e ir a concertos: “Temos que voltar a ter essa cultura de comprar os discos. Isso ajuda a música a crescer e também ajuda os músicos, porque é chato estar hoje cheio de banga e amanhã ficarmos doentes e as pessoas começam a ouvir que estamos a pedir ajuda. Temos que ajudar os músicos, é importante ir aos shows e comprar os álbuns porque nós fizemo-los pensando em vocês. As vendas caíram e em vez de ser um motivo de preocupação tornou-se motivo de zombaria por parte até dos próprios colegas que gozam quando um não vende bem insinuando que ‘bateu na rocha’. Estamos sempre a esconder coisas que amanhã podem ser piores”, rematou o músico a abordar um aspecto por muitos esquecido ou ignorado.
“Terra-terra” é o título da obra discográfica que tem 19 faixas musicais. As letras que reflectem o nosso quotidiano. O lançamento vai acontecer a 21 de Dezembro, sábado, apenas na praça da independência, em Luanda.
Por: Mariana Rodrigues/Sapo Banda
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